Prédios desabam no Centro na noite desta quarta-feira
Estimativas apontam pelo menos 11 vítimas entre os escombros
RIO - Dois prédios no Centro do Rio desabaram na noite desta quarta-feira, próximo ao Teatro Municipal. Um deles, o Edifício Liberdade, era localizado na Avenida Treze de Maio 44 e tinha 17 andares. Já a outra construção - o Edifício Colombo, de 11 andares - ficava localizada na Rua Manoel de Carvalho 16. De acordo com fontes da Defesa Civil, dois corpos já foram encontrados no local. No entanto, o prefeito Eduardo Paes afirmou, em coletiva no local, que não há óbitos. Segundo estimativas, há 11 vítimas nos escombros. As primeiras informações apontam para uma explosão, devido ao forte cheiro de gás. A Light cortou a energia da região. Em entrevista à Globo News, o secretário da Defesa Civil, Sérgio Simões, informou que não há evidências de um desabamento de um terceiro prédio - hipótese levantada anteriormente.
De acordo com o prefeito Eduardo Paes, em coletiva dada no local nesta noite, a prioridade é o resgate das vítimas. Até o momento, cinco pessoas feridas foram resgatadas. Quatro estão bem, mas uma mulher, Cristiane do Carmo, de 28 anos, está com traumatismo craniano e com uma fratura no braço. No momento, ela passa por uma cirurgia no Hospital Souza Aguiar.
Temendo que novas explosões coloquem em risco quem ocupa os imóveis da Avenida Treze de Maio, agentes da Companhia Estadual de Gás (CEG) estão, neste momento, tentando interromper a passagem de gás para os edifícios da rua. Numa medida de emergência, os funcionários da CEG estão precisando quebrar as calçadas da Avenida Almirante Barroso, na esquina com a Avenida Rio Branco, para fechar a tubulação de gás subterrânea.
Houve um princípio de incêndio do prédio cuja maior parte da estrutura desabou. O fogo ameaçou o edifício vizinho, Capital, esquina com a Rua Almirante Barroso. Segundo o Corpo de Bombeiros, o prédio apresenta rachaduras. Há pessoas nos imóveis. Elas acenam para os bombeiros. As escadas do Edifício Capital teriam sido obstruídas pelos escombros. De acordo com um ouvinte da Rádio CBN, ele esteve em contato com um conhecido que encontra-se em um elevador do edifício.
De acordo com imagens da prefeitura, o acidente atingiu grande área, inclusive carros e motos. No Edifício Liberdade, na Avenida Treze de Maio, funcionavam, no térreo, uma agência do Banco Itaú e uma loja da empresa Mundo Verde. No prédio, funcionavam escritórios.
Não houve prejuízos ao prédio do Teatro Municipal, nem danos estruturais, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição. A única parte atingida por escombros foi a bilheteria, no prédio anexo, e nenhum funcionário foi atingido. A informação foi repassada pelo repórter do GLOBO Eduardo Fradkin.
Hospitais e UPAs em alerta
O prefeito Eduardo Paes chegou ao lugar da tragédia e circulou pelos escombros, avaliando a situação junto a bombeiros e agentes da Defesa Civil. Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Saúde colocou em alerta todos os hospitais da rede pública estadual as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca e Botafogo, que são as mais próximas. O secretário de Saúde Sérgio Côrtes também está no local. Dois fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) também estão no local, acompanhando os trabalhos. Os especialistas buscam as primeiras informações para detectar as causas do desabamento. Na quinta-feira, a partir das 9h, o presidente da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (Capa), Luiz Antonio Cosenza, estará no local para dar prosseguimento às análises.
Os feridos estão saindo pela Rua Manoel de Carvalho, que fica ao lado do Teatro Municipal. Cristiane do Carmo, de 26 anos, foi levada pela Polícia Militar ao Hospital Souza Aguiar. Segundo parentes, ela está bem. A outra vítima ainda não foi identificada. Surgiram voluntários no local para ajudar, entre eles o anestesista José Antônio Diniz, que mora na Glória, e assim que viu pela TV o acidente ele se dirigiu ao local e se apresentou como voluntário aos médicos do Corpo de Bombeiros. O clima no entorno do prédio é de muita comoção, parentes de pessoas que estavam nos escritórios do prédio, souberam do acidente, e estão no local aguardando notícias dos bombeiros.
A argentina Débora Marconi, de férias no Rio e hospedada em frente ao Edifício Liberdade, disse que pedaços do prédio caíram antes de a estrutura vir abaixo por completo.
- Três andarem do prédio tinham andares em obras há bastante tempo - disse.
O advogado Luiz Antônio Jean Trajan, que trabalha num escritório no prédio número 45 da Avenida Treze de Maio, em frente ao edifício comercial que desabou, disse que se lembrou do ataque terrorista ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001.
- O prédio caiu todo, como se tivesse sido implodido. Parcia o World Trade Center. Ouvi um forte estrondo e vi tudo acontecer. Havia uma obra no prédio, acho que no sexto andar. Pelo menos dois funcionários estravam trabalhando na hora da tragédia - afirmou Trajan, que está na Treze de Maio, e disse que não sentiu cheiro de gás em qualquer momento.
Alexandre Trotta, que trabalha numa empresa de informática que funciona no quinto andar do Edifício Capital, vizinho ao que desabou, ouviu inicialmente um pequeno barulho como se fossem detritos caindo. Abriu a janela, quando aconteceu o desmoronamento:
- Foi um grande estronto. Era como se o mundo tivesse vindo abaixo. O prédio veio abaixo. Ele caiu para frente e para trás e levou o que estava nas janelas do meu prédio - contou ele.
Frotta desceu os cinco andares de seu prédio e, ao chegar no térreo, constatou que não tinha sobrado nada do edifício vizinho.
- Só tinha entulho. A banca de jornal que tinha no local foi destruída. Os carros estacionados na Treze de Maio acabaram - explicou.
O contador Heverton Ferreira, que trabalha no prédio, havia saído há cerca de meia hora do local, quando soube por um telefonema que o edifício tinha desabado. Ele não tem notícias de seu pai, que ainda estava num dos escritórios do edifício. Segundo Heverton, esta semana, porteiros falaram que a CEG faria uma inspeção no subsolo, por conta do forte cheiro de gás. No subsolo do edifício havia uma agência do Itaú.
- O prédio fechava às 21h. E faltava cerca de 30 minutos para isso. Mas ainda tinha muita gente lá. Ainda deviam ter umas 15, 20 pessoas dentro do prédio.
Vicente da Cruz costuma entregar galões d'água num escritório do sétimo andar do edifício. Ele conta que já estava do lado de fora do prédio, quando começou a ouvir explosões.
- Fui me afastando, me afastando. E de repente o prédio caiu. Tinha cerca de 20 pessoas próximas à marquise. Assim como eu, elas saíram correndo. Por um segundo, eu tinha morrido - contou.
Empresa de tecnologia treinava funcionários no momento do desabamento do prédio
Uma empresa de tecnologia que ocupava o décimo andar do prédio que desabou na Avenida Treze de Maio 44 estava realizando treinamento de pelo menos dez funcionários no momento da queda do edifício. A informação é de uma contratada da empresa, a TO - Tecnologia Organizacional, que ainda não conseguiu contato com as pessoas que estariam sendo submetidas ao treinamento quando ocorreu a explosão que fez o prédio cair.
- Eu não estava lá, mas sei que, pela hora do desabamento, pelo menos dez funcionários estavam fazendo o treinamento interno. Consegui entrar em contato com alguns colegas, que não estavam agendados para esse treinamento, e nenhum deles conseguiu localizar quem estava marcado para participar desse encontro - afirmou uma funcionária, por telefone, que preferiu não se identificar.
Segundo a mesma funcionária, que está neste momento na Avenida Treze de Maio, tentando ter notícias dos colegas, a empresa de tecnologia tem cerca de 50 funcionários:
- São muitas pessoas que trabalham lá, 50 só na TO, e não estou acreditando que estou vendo essa cena de horror de perto. Caiu tudo, meu Deus, é horrível. É muito triste, muito triste - concluiu.
O tema #DesabamentoRio está em primeiro lugar nos trend topics (dez assuntos mais comentados) do Twitter no Brasil e, por alguns minutos, chegou a figurar em segundo lugar entre os mais comentados no mundo.
Interdições no tráfego de veículos e em estações do Metrô Rio
O Centro de Operações informou, ainda, que a Avenida Almirante Barroso, trecho entre a Rua Senador Dantas e Avenida Rio Branco, encontra-se interditada ao tráfego de veículos em ambos os sentidos por conta do incidente. De acordo com a nota, equipes da pefeitura já estão no local, assim como o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar do Rio de Janeiro. A Treze de Maio é uma via sem circulação de automóveis.
Em entrevista à Rádio CBN, o diretor do Centro de Operações do Rio de Janeiro, Joaquim Diniz, afirmou que a Avenida Rio Branco será totalmente interditada a partir da Avenida Presidente Vargas.
- Em termos de trânsito não temos problemas, estamos com as equipes todas da CET-Rio no local - disse.
De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, as estações do metrô da Presidente Vargas, Uruguaiana, Carioca e Cinelândia estão fechadas. Ainda segundo o Centro, a Linha 1 está indo de Ipanema até Glória e a Linha 2 até a Central. Ainda não há previsão de quando estas quatro estações vão reabrir.
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